Washington State a bola da vez!

Oregon e Washington State são cb021cd47c7ca5233830969d36734337a nova fronteira vinícola onde experimentar está na ordem do dia!

Oregon e Washington State são a bola da vez em se tratando de vinho americano.

Basta entrar numa grande liquor store, loja de vinho americana, para topar com um cartaz indicando onde estão os vinhos de Oregon e os de Washington State.  E o que aconteceu com Napa Valley e Sonoma? Pois estão lá em algum lugar da loja sob um cartaz de indicação genérica “American Wines” ou “American Meritage”.

Oregon e Washington State são dois estados vizinhos no Noroeste do Pacífico com um terroir fantástico, insolacão especial e fazem vinhos com caráter e elegância.

Aliás, ouso dizer que a elegância dos vinhos de Washington State e Oregon é nata!

Não importa se o vinho custa US$12 ou US$40: elegância, frescor, caráter gastronômico e finesse são o denominador comum dos muitos vinhos de Oregon e Washington State que tenho degustado aqui nos Estados Unidos, nestas férias sob o rigor do vento polar que baixa fácil fácil a temperatura a menos 20˚C e 30˚C!

Até há poucos anos atrás, conta o respeitado crítico britânico Hugh Johnson, era possível visitar em duas semanas todas as mais importantes vinícolas da Costa Noroeste dos EUA: uma semana no Willamette Valley no Oregon para degustar Pinot Noir e a outra em Yakima Valley em Washington State para degustar Cabernet Sauvignon e Merlot, era o que bastava.

Hoje isto não é mais possível.

Além de serem muitas as vinícolas na região, são também notáveis em qualidade. E você pode conferir, pois o Brasil já importa muita coisa boa de lá. Os preços? Não tem nada baratinho, à exceção das linhas mais simples da Columbia Crest (Two Vines) e do Chateau Ste Michelle.

Mistral traz vinhos da Ecole n˚41 (Washington State e Hodges) e Domaine Drouhin (Oregon). AWinebrands traz vinhos do Chateau Ste Michelle e da Columbia Crest (Washington State) e Erath (Oregon). A World Wine traz Domaine Serene (Oregon). Todos excelentes produtores, irretocáveis. Mas há mais coisa boa por trazer, confira a seguir!

As raízes do sucesso

Washington State e Oregon, no Noroeste americano, é hoje a segunda maior região vinícola dos EUA em produção e em n˚ de vinícolas. Conta com 26 AVAs (American Viticultural Area, ou seja, a Denominação de Origem) e uma diversidade grande de castas que vai de pinot gris, sauvignon blanc, semillon a pinot noir, cabernet sauvignon, riesling etc.

As raízes do sucesso? Começam pela latitude bem mais ao norte do que na Califórnia e, portanto, os vinhedos da região recebem mais luz solar durante a época de crescimento das uvas com temperaturas mais baixas à noite (a diferença de temperaturas entre o dia e a noite só faz bem à vitis vinífera!), o que resulta em vinhos mais crisp, de aromas de fruta mais fresca e que acompanham muito bem a comida.

Além do que em Oregon e Washington State – a mais nova e exuberante fronteira vinícola –  experimentar está na ordem do dia. Ali estão craques do vinho como Veronique Drouhin da tradicional Maison Drouhin de Beaune, assim como, gente que faz vinho de butique e gente que faz vinho bom e barato como a Chateau  Ste Michelle.

As principais áreas vitícolas do Noroeste do Pacífico 

  1. Columbia Valley (Col V), área extensa que chega ao Oregon. e tem como notáveis AVAs ou sub-regiões: Yakima Valley, Red Mountain e Walla Walla com alta qualidade em Cabernet Sauvignon, Merlot, Riesling, Chardonnay e Syrah.
  2. Snake River Valley, em Idaho e parcialmente em Oregon.
  3. Southern Oregon, região mais quente. Sub-regiões: Rogue, Applegate e Umpqua Valley. Tempranillo, Syrah e Viognier muito bons e muita experimentação.
  4. Willamette Valley no Oregon e onde está o melhor do Pinot Noir e Pinot Gris além de bons Chardonnays e Rieslings secos. Abriga AVAs importantes como Dundee Hills, Chehalem Mts, Yamhill-Carlton, Eola-Amity Hills.
  5. Walla Walla Valley em Walla, sub AVA de Columbia Valley com vinhos de identidade própria em vinhedos entre WA e Oregon. Ali estão a nata dos rótulos de prestígio obcecados por qualidade em Cabernet sauvignon, Merlot e Syrah.

Os Cabernet Sauvignons de Washington State, principalmente  os do Chateau Smith de Charles Smith Wineries, são fantásticos. E é com os belos vinhos de Washington State que vamos nos ocupar neste artigo. Oregon merece artigo à parte, aguarde!

Washington State (WA)

Columbia Valley é uma AVA que abrange parte do Oregon e parte de Washington State (WA) num total de 11.520.000 acres e ali estão dois prestigiosos terroirs: Walla Walla que se espraia pelos dois estados e Yakima em WA. Já Willamette Valley abrange o noroeste do Oregon tendo como limite ao norte o rio Columbia River, e é ladeado por montanhas (a oeste as Coast Range Mountains e ao sul as Calapooya Mountains e a leste as Cascade Mountains). Em Willamette está Dundee Hills, um terroir muito apreciado.

Vinhos de Walla Walla são tudo de bom em Washington State.  Walla Walla é o núcleo dos empreendimentos da Washington State, mesmo que muitas das principais e tops vinícolas do AVA fiquem na parte do Oregon do AVA.

Notas de degustação 

Vinhos de médio preço (US$12 a $40, o que seria no Brasil algo entre R$85 e R$200).

Elegância, frescor, caráter gastronômico e notas terrosas são denominador comum nos tintos de modo geral.

1. L’Ecole n˚41 Semillon 2010 !!!

Walla Walla, Columbia Valley

Semillon 86% e Sauvignon Blanc 14% , 14,5%

A L’Ecole No. 41 fundada em1983 em Walla Walla é umas das pioneiras em Washington State, vinícola artesanal e familiar. Vinhos consistentes e expressivos. No Brasil, importada pela Mistral.

Amarelo pálido na taça.

Aromas delicados de maçã verde, frutas brancas.

Em boca, é seco, mineral, redondo com longa persistência. Um branco estruturado, vigoroso mas sem perder a ternura jamais, sem excessos de fruta madura, álcool.

Equilibradíssimo, apesar dos 14,5% de álcool.

Elegante, fino, fácil de beber. Gastronômico.

2. Eve Chateau Charles Smith Chardonnay 2011

Produtor Charles Smith, Washington State

É um chardonnay diferente, não é Borgonha, não é nova Zelandia, não é Sonoma ou Napa. É WA!

Cor pálida. Sem madeira.

Frutas delicadas, maçã verde, mel, pêra.

Em boca é muito fresco, seco, um toque de fruta seca, leve, ligeiro. Mineralidade. Zesty. Mais severo e fresco. US$ 13.

3. Kung Fu Girl Chateau Charles Smith Riesling 2012

Charles Smith Wines, Washington State

11% , US$12

Um riesling com alguma doçura, boa acidez, fácil de beber. Para Thai e fusion cuisine. Não é um riesling seco, o dry riesling. Mas é um bom riesling, bem feito e respeitado. Mais gordo em boca. Mais aroma de fruta branca, pêssego ou pêra, mais  sabor e mais açúcar. Mais aromático. Um branco simples, muito bom, correto e honesto.

Amarelo pálido. Aromas delicados de frutas Frescas, frutas brancas. Em boca é delicadamente macio com um toque de acidez agradável, media textura, uma deliciosa citricidade.certa doçura e mel em boca. Uma doçura que vem da fruta.

Perfeito para acompanhar comida. Não é riesling da Alsácia, não tem sua acidez nem aroma tão pungente. Muito agradável, fácil de beber e uma efervescência leve, um carbonatado que recorda um frizante.

4. Chateau Ste Michelle Dry Riesling 2011

Columbia Valley, US$12

Importação no Brasil da Winebrands.

Amarelo pálido, reflexos esverdeados.

Aromas de frutas brancas, maçã, pêra, pêssego.. Discreto no nariz e na boca. Cítrico, recorda um Pinot Grigio.

Em boca é crispy acidez discreta e deliciosa. Um branco elegante, simples e bem feito. Sem complexidade, mas muito fresco. Não é riesling da Alsacia, é um riesling de caráter próprio.

Mais leve de corpo que o Kung Fu Girl.

Em boca, muito frescor, mais maçã.

5. Chardonnay Washington Hills 2010 !!!+

Amarelo na taça. Screwcap. US$15

Frutado, bem frutado.

Aroma de frutas tropicais, abacaxi. Fresco no nariz. Aromas bem ricos no nariz, inclusive de frutas secas além das tropicais. Uma nota de manteiga.

Em boca, é macio, com certa densidade e volume. Médio corpo e com um final de delicada citricidade e elegância. Crisp como se diz aqui. Maçã, e cítrico e abacaxi. Evolui na taça para aromas de pêssego e laranja lima.

Um chardonnay que não é Califórnia, não tem madeira e lhe sobra elegância e equilíbrio. Belo chardonnay, muito contido. Não é um Chablis, não é um Grand Cru da Borgonha, mas é um chardonnay fresco e sem as platitudes de um californiano amadeirado.

6. Chateau Smith Cabernet Sauvignon 2011 !!!+

Columbia Valley, Mattawa, Washington State

13,5%, US$ 19

O mantra de Charles Smith Wines é “land to hand, Vineyard to botltle”.

Rubi cheio de vida e brilho.

Toda a tipicidade de cabernet sauvignon.

Frutas negras, pimentas, especiarias. Muito fresco no nariz. Aroma intenso.

Em boca é elegante com muita finesse, equilibradissimo, sem excessos de fruta madura ou madeira. Fantástico. Nos lábios uma textura terrosa.

7. Milbrandt Traditions Cabernet Sauvignon 2010 !!

Milbrandt Vineyards, Columbia Valley

Washington State 13,5%

Millbrandt Vineyards faz vinhos bem feitos que vem das AVAs Wahluke Slope e Ancient Lakes. Duas estrelas no Hugh Johnson.

Tem entretanto o DNA de Columbia Valley que é algo terroso misturado a frutos maduros.

Aromas menos intensos de CS e na verdade menor identidade de CS. Tabaco no nariz. Fruta fresca, framboesa, cherry ou cereja. Pimenta.

Em boca é mais carnudo, médio corpo, taninos presentes. Textura terrosa em boca, mas não tanto quanto o de Charles Smith.

8. Waterbrook Reserve Merlot 2009 !!!+ 91 pontos WS e 71 no Top 100 WS 2012

Walla Walla, Columbia Valley, Washington State. US$ 24

Passa 24 meses em barrica de carvalho, sendo por volta de 28% novas, a maior parte americana, depois francesa e um pouco de húngara.

Waterbrook , fundada em 1984, é uma das pioneiras de Walla Walla. Faz vinho de excelente qualidade e de preço modesto. São smart buy!

13,6% muito equilibrado.

Rubi vivo e sedutor na taça.

Aromas de frutas negras, ameixa, cedro, morango no nariz.

Um merlot seco, embora não tão seco quanto um st-Emilion, e nem tão doce quanto um californiano ou sul-americano.

Em boca muito fresco, slim, elegante, taninos finos, delicados. Não tão seco. Boa acidez e gastronômico. Boa persistência. Equilibrado com uma textura ligeiramente terrosa.

Um merlot de região fria. Vivaz e interessante, diferente das platitudes da Califórnia e Sul América.

9. Chateau Ste Michelle Cabernet Sauvignon 2011!!

Columbia Valley

14 meses em barricas. 13,5% , US$ 15

Rubi claro, brilhante em taça.

Aromas delicados de frutas vermelhas, cerejas, especiarias.

Em boca é de corpo magro, slim. Estruturado, sim, mas magro e elegante. Um Gianecchini do vinho. Sem excesso de frutas maduras e aquela dulçor final. É seco, sem ser árido.

Com o DNA de Columbia Valley. Equilibradissimo, não se percebe a madeira e nem o álcool. Tudo muito bem integrado!

10. Columbia Crest Three Horse Heaven Hills  Merlot 2010

ou Columbia Crest H3 Merlot,  Horse Heaven Hills  Merlot 2010

Columbia Crest, US$ 12. Importado pela Winebrands.

14,5% e não se diz que tenha todo este álcool. Extremamente equilibrado.

Rubi na taça

Aroma de cerejas, frutas negras, amora negra.

Em boca, tem complexidade, taninos finos, media persistência. Corpo médio, fácil de beber. Elegante e fino. Um merlot sem platitudes ou por outro lado,esquisitices. Algo terroso em boca, boa textura. Muito,bom, equilibrado, fino.

Vale a pena degustar um merlot como este. É seco sem ser um St Emilion. Tem uma vivacidade própria.

Oregon é o próximo artigo. e enquanto não vem, confira como são bons os de Washington State!

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Wine writer.
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